terça-feira, 26 de dezembro de 2023

ESTUDOS SOBRE DEUS - 19 DEUS: É MISERICORDIOSO E CLEMENTE

 


Que poderíamos pensar quando nos deparamos com o ensino bíblico de que Deus é “clemente e misericordioso”? Que enfoque especial este atributo divino traz?

            O dicionário nos ensina que clemência é “disposição para perdoar”, enquanto misericórdia é “compaixão suscitada pela miséria alheia”, seja esta miséria material, moral ou espiritual. De imediato, podemos dizer que Deus, sem dúvida, tem imensa compaixão daqueles que vivem na miséria material. Entretanto, desejo analisar a tremenda verdade de que Ele tem disposição para perdoar os que estão mergulhados na triste condição da miséria moral e espiritual!

Lembremos que a miséria espiritual é marcada pela atitude idólatra do ser humano, que chega ao ponto de prostrar-se diante de um pedaço de pedra ou madeira, a quem se dirige como se fosse seu deus. Que miséria!  Quão imensa é a galeria dos “deuses”…

Já a miséria moral, e mesmo a miséria material, acabam sendo consequências diretas e indiretas da idolatria, que corrompe, levando os seres humanos à depravação e à exploração, entre tantas outras mazelas. Leia Romanos 1.18-32. 

Nós, certamente, já temos podido contemplar este atributo de Deus em ação muitas vezes. Façamo-lo novamente, e demos glória Àquele que é misericordioso e clemente!

A – O SER HUMANO CARECE DA CLEMÊNCIA E DA MISERICÓRDIA DE DEUS

            A Bíblia usa mais de quarenta vezes a expressão “a sua misericórdia dura para sempre”. Somente no Salmo 136 esta frase é encontrada vinte e seis vezes. Tal afirmação nos enche de alegria. Como é gostoso ouvirmos repetidas vezes a verdade de que Deus tem compaixão da miséria alheia, isto é, da nossa miséria pessoal! Muitos pensam que Deus está ausente, retirado, e que não acompanha de perto as misérias de cada um. Engano! O Deus Triúno é Onipresente e Onisciente! Está em todo lugar e tem conhecimento de tudo. Porém, o que realmente inunda a nossa alma de paz é sabermos que o Seu conhecimento é movido não por crueldade, mas por misericórdia.

            Alguém poderá dizer: “Mas eu não sou miserável! Não preciso que tenham misericórdia de mim.” Que diz a Bíblia sobre o ser humano? Que é larva, verme, gusano (Jó 25.6). E não é assim? Somos miseráveis pecadores, sim, “porque todos tropeçamos em muitas coisas” (Tiago 3.2). Não temos ouvido vez após vez que “errar é humano”? Errar é próprio do ser humano e, na verdade, todos nós erramos. A Bíblia está repleta de versículos que tratam disso.

  • Quem nunca tropeçou no falar? “Pois toda espécie de animais, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano, mas a língua ninguém é capaz de domar; é mal incontido, cheio de veneno mortal” (Tiago 3.7, 8).
  • Quem nunca procedeu sem refletir? “Não é bom agir sem pensar; quem se precipita acaba pecando” (Provérbios 19.2).
  • Quem nunca transgrediu a lei? “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” (1 João 3.4); e “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23).

A Palavra de Deus ensina que “todo o que comete pecado é escravo do pecado” (João 8.34). Se todos pecaram, todos são escravos. Não é esta uma situação de miséria? Por maior aparência de retidão ou justiça que possa ostentar, todo homem é escravo do pecado: escravo da própria língua desenfreada, escravo de um agir irrefletido, escravo da sua própria natureza decaída.

Deus conhece muito bem esta situação. Não é Ele o esquadrinhador dos corações? Não é Ele quem rebusca o mais íntimo de cada um de nós? Sim! Ele o faz. E como se compadece de toda a miséria humana! Na verdade, “as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã” (Lamentações 3.22, 23). Toda a afronta com que cada um de nós tem ultrajado Àquele que é “tão puro de olhos” (Habacuque 1.13), que não pode suportar o mal nem tolerar a opressão, seria mais do que suficiente para que fôssemos consumidos num instante. Porém, Ele se compadece de nós.

B – O CONTRASTE ENTRE A MISERICÓRDIA HUMANA E A DIVINA

Nas mais diversas nações, existem muitos que se compadecem da miséria alheia, não é verdade? Se fosse publicada uma lista com os nomes das pessoas que se compadeceram da miséria de seus semelhantes, a lista seria bem longa. Contudo, entre tais pessoas e Deus há uma grande, uma imensa diferença! A compaixão delas pode levá-las a procurar conforto material, mental e até espiritual para os necessitados. A compaixão de Deus é mais ampla e elevada. Deus não vem simplesmente confortar pessoas, ainda que seja o “Deus de toda consolação” (2 Coríntios 1.3); Ele as perdoa, pois é clemente, isto é, tem disposição para perdoar os pecados delas e libertá-las. E, sendo Onipotente, o faz! “Se, pois, o Filho os libertar, vocês serão verdadeiramente livres” (João 8.36).

            Além disso, a compaixão de um filantropo por outro ser humano se dá entre pessoas do mesmo nível: de homem para homem. A compaixão de Deus, entretanto, é manifestada para com seres que lhe são em tudo inferiores. “Senhor, que é o homem para que dele tomes conhecimento? E o filho do homem, para que o estimes? O ser humano é como um sopro; os seus dias são como a sombra que passa” (Salmo 144.3, 4). Verdadeiramente, Deus é “o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação!” (2 Coríntios 1.3).

            Há, contudo, uma verdade que não podemos deixar de lado: Ainda que a misericórdia do Senhor dure para sempre (seja eterna), ela é limitada! Como? Pela Sua justiça! “O Senhor é tardio em irar-se e rico em bondade; ele perdoa a iniquidade e a transgressão, mas não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta geração” (Números 14.18). O fato de Deus se compadecer da miséria humana de forma alguma implica em que Ele vá tolerar o pecado. Não! Deus não inocenta o culpado! Toda iniquidade e injustiça, inevitavelmente, receberão o julgamento de Deus.

C – A MISERICÓRDIA DE DEUS NÃO INVALIDA A SUA JUSTIÇA

            Em Sua grande misericórdia, Deus permite que se faça transferência de culpa. No Antigo Testamento, antes da vinda do Senhor Jesus ao mundo, cada pecador arrependido deveria “transferir” a sua culpa para um cordeiro inocente, imolando-o diante de Deus. Esta cerimônia, repetida muitas e muitas vezes, era uma pequena figura do sacrifício perfeito que iria ocorrer no futuro.

            Ao contemplar o Senhor Jesus Cristo, João Batista afirmou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29). Jesus, o próprio Filho de Deus, desceu do céu deixando a glória do Pai, a fim de tomar sobre Si as nossas culpas. Jesus “não tinha boa aparência nem formosura; olhamos para ele, mas não havia nenhuma beleza que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores e que sabe o que é padecer. E, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.

“Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o considerávamos como aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu próprio caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.

“Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca. Como cordeiro foi levado ao matadouro e, como ovelha muda diante dos seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Pela opressão e pelo juízo, ele foi levado, e de sua linhagem, quem se preocupou com ela? Porque ele foi cortado da terra dos viventes; foi ferido por causa da transgressão do meu povo. Designaram-lhe a sepultura com os ímpios, mas com o rico esteve na sua morte, embora não tivesse feito injustiça, e nenhum engano fosse encontrado em sua boca.

“Todavia, ao Senhor agradou esmagá-lo, fazendo-o sofrer. Quando ele der a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do trabalho de sua alma e ficará satisfeito. O meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei a sua parte com os grandes, e com os poderosos ele repartirá o despojo, pois derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores. Contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Isaías 53.2-12).

“Àquele [Jesus Cristo] que não conheceu pecado, Deus [que é o Pai de misericórdias] o fez pecado por nós, para que, nele [em Jesus Cristo], fôssemos feitos justiça de Deus.” (2 Coríntios 5.21). Na cruz do Calvário a misericórdia de Deus manifestou-se abundantemente, pois ali o Pai permitiu que fossem transferidas para o Filho as nossas culpas. Eis a razão de haver perdão para o homem miserável: o Deus misericordioso e clemente compadeceu-se da nossa miséria e dispôs-se a nos perdoar.

D – A MISERICÓRDIA DE DEUS É PARA MUITOS

Mas… estaria a humanidade inteira perdoada? Não! Lemos em Isaías 53.11 que Ele “justificará a muitos”. Não foi o pecado da humanidade toda que foi transferido para a bendita Pessoa do Senhor Jesus, apenas o pecado daqueles que nEle creem. “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (João 3.36). Somente os que, pela fé, são lavados no sangue do Cordeiro ficam isentos de culpas. Quanto aos demais, sobre eles permanece a ira de Deus. “Se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado no lago de fogo” (Apocalipse 20.15).

Prezado amigo, não brinque com Deus. “Não se enganem: de Deus não se zomba. Pois aquilo que a pessoa semear, isso também colherá” (Gálatas 6.7). Tenha cuidado para não se enganar com uma ideia equivocada da misericórdia e clemência de Deus. Ele é, de fato, misericordioso e clemente, mas a Sua misericórdia se restringe àqueles que depositam a fé no Senhor Jesus Cristo. Não pense que, à hora final, Deus “dará um jeitinho”. Creia em Jesus agora! “Quem é sábio atente para essas coisas e considere as misericórdias do Senhor” (Salmo 107.43).

Somente aqueles que creem em Jesus podem afirmar: “Eu, porém, pela riqueza da tua misericórdia, entrarei na tua casa e me prostrarei diante do teu santo templo, no teu temor” (Salmo 5.7).

“Portanto, meus irmãos, tendo ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com um coração sincero, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e o corpo lavado com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel” (Hebreus 10.19-23).

“Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam, porque estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos”. (Atos 17.30-32).

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Esta série foi preparada em 1977 por Gilberto Celeti e Luiz Ricardo Monteiro da Cruz (este já está na presença do Senhor). Ela foi ministrada originalmente nas escolas públicas aos alunos do Ensino Médio. Com pequena revisão, estou postando agora na expectativa de que o SENHOR a use para bênção de muitos e para Sua glória! 

Gilberto Celeti
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MISÉRIA HUMANA X MISERICÓRDIA DIVINA

Neste mundo, observo que a miséria
Vai no sangue que percorre cada artéria;
Tão profunda é esta malignidade,
Que afeta a mim e a toda a humanidade.

A existência humana não é agradável,
O pecado é uma doença incurável;
Toda história só demonstra esta verdade:
Não há para o homem possibilidade

De livrar-se por si mesmo desta trama,
A não ser que reconheça Deus, que o ama,
E com Deus seja então reconciliado

Por Jesus que, lá na cruz, tirou o pecado;
E agora, em cada instante que se passa,
Louva a Deus por Sua clemência e livre graça.

Gilberto Celeti

“Venham também sobre mim as tuas misericórdias, Senhor, e a tua salvação, segundo a tua promessa” (Salmos 119.41).

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