quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

ESTUDOS SOBRE DEUS - 24: DEUS É LONGÂNIMO

 Este estudo é um complemento do estudo anterior, o de número 23. Vale a pena lê-lo, se você ainda não o fez.


Longanimidade é uma palavra comprida, quase nunca usada em nossa conversação cotidiana, cujo significado pode ser obscuro ou pouco compreensível para muitos.

Se você teve o privilégio de frequentar uma Escola Dominical, desde criança, certamente decorou, entre outros, o texto de Gálatas 5.22, 23: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei”. Mas será que você apenas repetia essa palavra comprida, que faz parte do texto, sem entendê-la realmente?

Em algumas versões, a palavra aparece como “paciência”. Porém, longanimidade é mais do que simplesmente paciência. É uma característica de alguém, que possui entendimento. “O longânimo é grande em entendimento, mas o de ânimo precipitado exalta a loucura” (Provérbios 14.29).

Deus possui qualidades perfeitas e gloriosas, dentre elas a Sua longanimidade ou paciência, que é um dos aspectos de Sua personalidade. A palavra no hebraico para esta longanimidade de Deus quer dizer “lento em irar-se”, e literalmente significa “comprido de rosto” ou “comprido de nariz”, e veio a ser associado à ideia de reprimir a ira (talvez devido ao fato de que é no rosto que a pessoa mostra suas emoções fortes).

Deus, sendo provocado pelo pecado e rebeldia do homem, fica indignado – “Deus é justo juiz, Deus que sente indignação todos os dias” (Salmos 7.11). Devido ao Seu caráter Santo e Justo, seria natural que derramasse toda a Sua ira contra a humanidade – “Dá-lhes a retribuição segundo a sua iniquidade. Derruba os povos, ó Deus, na tua ira!” (Salmos 56.7). E, então, será que alguma pessoa poderia permanecer de pé diante de Deus, que é Fogo Consumidor (este foi o tema do estudo anterior)? – “Tu, sim, tu és terrível; se estás irado, quem pode permanecer na tua presença?” (Salmos 76.7). Nenhuma pessoa! Ninguém! “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23).

A – DEUS É AMOR

No entanto, lemos em Romanos 5.6-9: “Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Dificilmente alguém morreria por um justo, embora por uma pessoa boa alguém talvez tenha coragem para morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.”

É importante ressaltar esta profunda verdade: “Deus não revogará a sua própria ira” (Jó 9.13). A ira de Deus há de ser derramada infalivelmente sobre toda a impiedade e malícia humana. Isto ocorrerá em um dia já determinado pelo Deus Eterno. A Escritura Sagrada avisa-nos solenemente: “Beijem o Filho para que não se irrite, e não pereçam no caminho; porque em breve se acenderá a sua ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam” (Salmos 2.12). Não nos esqueçamos destas palavras: EM BREVE.

B – POR QUE SERÁ QUE DEUS TEM RESTRINGIDO A SUA IRA?

            Faz parte do caráter glorioso e perfeito de Deus ser longânimo; isto é: Ele retarda a Sua ira – “Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e, por causa da minha honra, me conterei em relação a você, para que eu não venha a exterminá-lo” (Isaías 48.9). Deus tem feito com que o Seu “em breve” continue por milhares de anos – “Mas há uma coisa, amados, que vocês não devem esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos são como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a julguem demorada. Pelo contrário, ele é paciente (isto é, longânimo) com vocês” (2 Pedro 3.8, 9a).

C – POR QUE DEUS É LONGÂNIMO?

            Deus é longânimo porque não quer “que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3.9b). Assim foi no passado, “quando Deus aguardava com paciência (ou longanimidade) nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucas pessoas, apenas oito, foram salvas através da água” (1 Pedro 3.20). As Escrituras apresentam Noé como “pregador da justiça” (2 Pedro 2.5), o qual, enquanto preparava a arca, anunciou que a ira de Deus se derramaria sobre toda a terra por meio de um dilúvio.

Assim também é nos dias atuais, pois a Palavra de Deus afirma que “os céus e a terra que agora existem têm sido guardados para o fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e da destruição dos ímpios” (2 Pedro 3.7); e que “o Dia do Senhor virá como um ladrão. Naquele dia os céus passarão com grande estrondo, e os elementos se desfarão pelo fogo. Também a terra e as obras que nela existem desaparecerão” (2 Pedro 3.10).

Tanto na época de Noé, como nos dias atuais, as pessoas estão avisadas sobre o juízo, assim como sobre a longanimidade de Deus, dando oportunidade para que se arrependam e sejam salvas. No entanto, como lemos no livro de Eclesiastes 8.11: “como não se executa logo a sentença contra uma obra má, o coração humano está inteiramente disposto a praticar o mal.”

O Deus longânimo aguarda o arrependimento, mas se cumprem as palavras de Jesus: “Pois assim como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mateus 24.37). E como foram aqueles dias? Está escrito que as pessoas, despreocupadas, não deram a devida importância à Palavra de Deus, pois “nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos” (Mateus 24.38, 39), e “o mundo daquele tempo foi destruído, afogado em água” (2 Pedro 3.6). O dia do dilúvio com água havia chegado. Assim também o dia do dilúvio com fogo, em breve chegará. E uma imensa maioria vive hoje despreocupadamente.

D – QUANDO SERÁ ESTE DIA?

            “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai” (Mateus 24.36). O Senhor Jesus Cristo afirmou: “E será pregado este evangelho do Reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (Mateus 24.14).

Sabemos que será em breve. Se até agora esse dia não veio é porque Deus está esperando, com paciência ilimitada, que em todas as nações do mundo aconteça o mesmo que ocorreu na cidade de Tessalônica, onde as boas-novas da salvação foram recebidas com tal poder, que o apóstolo Paulo lhes escreveu dizendo:

“Sempre damos graças a Deus por todos vocês, fazendo menção de vocês em nossas orações e, sem cessar, lembrando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da fé que vocês têm, da dedicação do amor de vocês e da firmeza da esperança que têm em nosso Senhor Jesus Cristo.

“Sabemos, irmãos amados por Deus, que ele os escolheu, porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção. E vocês sabem muito bem qual foi o nosso modo de agir entre vocês, para o próprio bem de vocês. E vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor, recebendo a palavra com a alegria que vem do Espírito Santo, apesar dos muitos sofrimentos.

“Assim, vocês se tornaram modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia. Porque a partir de vocês a palavra do Senhor repercutiu não só na Macedônia e na Acaia, mas a fé que vocês têm em Deus repercutiu em todos os lugares, a ponto de não termos necessidade de dizer mais nada a respeito disso.

“Porque, no que se refere a nós, as pessoas desses lugares falam sobre como foi a nossa chegada no meio de vocês e como, deixando os ídolos, vocês se converteram a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro e para aguardar dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira vindoura” (1 Tessalonicenses 1.2-10).

Enquanto não chega o Dia do Senhor, que o homem deixe os seus maus caminhos, os seus ídolos, as suas abominações, o seu pecado (tudo aquilo que faz Deus indignar-se diariamente), e que se arrependa, convertendo-se ao Senhor, servindo-O e aguardando dos céus a Jesus Cristo, que nos livra da ira futura.

Se não fosse pela longanimidade de Deus, não haveria salvação para ninguém, como está escrito: “E considerem a longanimidade do nosso Senhor como oportunidade de salvação” (2 Pedro 3.15). Agora, como aqueles que louvam ao Senhor pela sua longanimidade, “uma vez que tudo (os céus e a terra) será assim desfeito (pelo fogo), vocês devem ser pessoas que vivem de maneira santa e piedosa, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus. Por causa desse dia, os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos se derreterão pelo calor” (2 Pedro 3.11, 12).

E – QUE SIGNIFICA ESPERAR E APRESSAR A VINDA DO DIA DE DEUS?

            A IDEIA DE ESPERAR está mais ligada à vida individual e pessoal de cada cristão e à vida da igreja – o corpo de Cristo – no sentido de que se empenhem por ser achados por Ele em paz, sem mácula, irrepreensíveis, edificando-se em sua fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardando-se no amor de Deus, seguindo a santificação sem a qual ninguém verá o Senhor. Em suma: vigilantes!

  • Hebreus 12.14 – “Procurem viver em paz com todos e busquem a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.”
  • 2 Pedro 3.14 – “Por essa razão, amados, esperando estas coisas, esforcem-se para que Deus os encontre sem mácula, sem culpa e em paz.”
  • Judas 1.20, 21 – “Mas vocês, meus amados, edificando-se na fé santíssima que vocês têm, orando no Espírito Santo, mantenham-se no amor de Deus, esperando a misericórdia do nosso Senhor Jesus Cristo, que conduz para a vida eterna.”

A IDEIA DE APRESSAR não significa que uma pessoa possa, de alguma forma, constranger o coração de Deus e antecipar aquele dia por Ele determinado na eternidade; absolutamente não, mas está relacionada ao testemunho pessoal de cada cristão e da igreja, no envolvimento ativo no cumprimento da grande comissão ordenada pelo Senhor Jesus Cristo, para que o evangelho chegue até aos confins da terra.

  • Marcos 16.15 – “Vão por todo o mundo e preguem o evangelho a toda criatura.”
  • Lucas 24.46, 47 – “Assim está escrito que o Cristo tinha de sofrer, ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia, e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando em Jerusalém.”
  • 2 Timóteo 2.25, 26 – “disciplinando com mansidão os que se opõem … na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem a verdade, mas também o retorno à sensatez, a fim de que se livrem dos laços do diabo, que os prendeu para fazerem o que ele quer.”
  • Judas 1.22, 23 – “E tenham compaixão de alguns que estão em dúvida; salvem outros, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sejam também compassivos, mas com temor, detestando até a roupa contaminada pela carne.”

F – O QUE FAZER DIANTE DA LONGANIMIDADE DE DEUS?

Não há bênção maior do que estar entre aqueles que foram lavados, santificados e purificados em o nome do Senhor Jesus e no Espírito do nosso Deus.

Você, prezado leitor, já creu em Jesus Cristo e O recebeu como seu Único e Suficiente Salvador? Considere seriamente estas palavras: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (João 3.36). Se você ainda não se arrependeu de seus pecados e confiou só em Cristo, faça isso agora mesmo!

Que atributo maravilhoso é este, o da longanimidade de Deus. E que maravilhoso é pensar que o Espírito Santo de Deus quer produzir esta qualidade na vida e no caráter de todos quantos, por terem crido em Cristo, se tornaram novas criaturas. O fruto do Espírito Santo inclui a longanimidade de Deus, que conduz o crente a suportar lutas, dificuldades, ofensas e ameaças pacientemente, pois ele tem como modelo Aquele que age pacientemente.

Sim, o Senhor tem nos suportado e não nos retribui conforme as nossas rebeldias e murmurações. Se Deus é tolerante para conosco, pratiquemos a tolerância; se Deus é perdoador para conosco, pratiquemos o perdão; se Deus é longânimo e não derrama a Sua ira para conosco, subjuguemos também a nossa raiva para com as pessoas e circunstâncias.

Oremos:

— Ó Deus! Produz esta longanimidade em mim e concede-me a graça de viver neste período precioso da Tua longanimidade (e já chegamos ao ano 2024), esperando e apressando a vinda do Senhor, isto é, crescendo em santidade e anunciando o evangelho da salvação.

Finalmente, que o SENHOR “… longânimo e grande em misericórdia, que perdoa a iniquidade e a transgressão, ainda que não inocenta o culpado …” (Números 14.18) abençoe sua vida, sua família e seu trabalho, prezado estudante da Palavra de Deus, produzindo em você esse fruto da longanimidade.

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Esta série foi preparada em 1977 por Gilberto Celeti e Luiz Ricardo Monteiro da Cruz (este já está na presença do Senhor). Ela foi ministrada originalmente nas escolas públicas aos alunos do Ensino Médio. Com pequena revisão, estou postando agora na expectativa de que o SENHOR a use para bênção de muitos e para Sua glória!

Gilberto Celeti
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A LONGANIMIDADE DO SENHOR

O Senhor, o Criador, é precioso,
Tudo quanto faz merece ser louvado;
Seu agir é sempre tão maravilhoso,
Com a nossa voz Deus seja exaltado.

Ruja o mar, em toda a sua plenitude,
Que os rios e as montanhas batam palmas.
Seja Deus louvado em Sua excelsitude
Com trombeta, harpa e a voz de nossas almas.

Seu amor e Sua longanimidade,
De Jerusalém até os confins da terra,
Junto com o Seu cuidado e bondade,
Estão sendo proclamados. Deus não erra!

Deus se ira contra toda a impiedade
E a perversão, que aumenta, tão notória;
Pois despreza ao Criador, a humanidade,
Que faz no pecado a sua trajetória.

A justiça há de ser executada
Pelo Rei dos reis, Senhor de toda a terra
Sua justa salvação já foi mostrada
Seu perdão gracioso em Jesus se encerra!

Saibam todos que virá o julgamento;
Julgamento com justiça e equidade;
Hoje é dia para o arrependimento,
Para crer em Cristo com sinceridade.

Do Eterno Criador há uma sentença:
Toda alma que pecar terá a morte!
Só há um que escapou desta doença
E pra vida eterna tem o passaporte:

Jesus Cristo, que no mundo é pregado,
O caminho, e a verdade e a vida.
Crendo nEle, o homem é justificado,
E sua alma salva, não será perdida.

Gilberto Celeti

“E considerem a longanimidade do nosso Senhor como oportunidade de salvação” (2 Pedro 3.15).

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